quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um amor...

19 horas, cidade estranha, o seu dia tinha sido realmente estranho, ela seguia por uma trilha com sua família, em destino a um parque de diversões. Longe, muito longe dali.
-  Pai, chegamos?
-  Estamos quase lá.
Enfim, chegaram. Ela e mais seus componentes familiares, formavam cinco, cinco pessoas em um ciclo harmonioso familiar.
Ela, 17 anos, estudante, apenas querendo presenciar algo novo. Um tanto rebelde, sarcástica e rude. Pois havia sofrido á pouco tempo por um amor não correspondido. 
De repente, ao longo da sua caminhada ao redor do parque, esbarra em um idiota. Sim, esse era o conceito dela. Pois pensara: “Meu Deus, que mané, olha por onde anda seu babaca”.
Mas, antes de falar isso, travou. Apenas travou num olhar harmonioso e seguro, aos olhos do garoto.
 - Desculpa, eu não estava prestando atenção.
- Tudo bem, da próxima vez, olha por onde pisa. Disse-lhe a garota.
 - Nossa, que rebeldia, seus pais devem ser orgulhosos de você.
- É, igual a sua mãe sente pena de você. Por você ser tão sem noção a ponto de sair esbarrando em qualquer uma.
Ao tentar sair, ele a puxa, olhares entre olhares se cruzam, ela, simplesmente tenta escapar. E consegue.
Sentada ao lado do seu pai, esperando o resto dos seus familiares para simplesmente ir embora, ela vê o garoto, de longe, obscuro, e cinza. Mas vê.
Ela resolve ir andar mais um pouco, enquanto os ingressos dos seus irmãos percorriam, e novamente reencontra-o. Ele ao vê-la, senta-se ao seu lado.
- Obrigado.
- Pelo quê? Não seria desculpas?
- Não, quero te agradecer por acabar de me informar que eu preciso realmente ir num oftalmologista.
- É? Não sei como você não percebeu isso antes.
- Acho que é porque sempre me diziam que o amor era cego, mas é mentira, eu enxergo ele perfeitamente.
- E o que te levou a isso? Óculos de 40 graus?
- Simplesmente, você.
- Preciso ir.
- Não, você não precisa.
- Você não sabe do que eu preciso.
- É, realmente não sei, mas sei que você tem medo.
- Medo?
- É, medo.
- Medo de quê exatamente?
- Quem sabe de... Ser feliz?
- Não, apenas não quero ser feliz, é diferente.
- E porque não quer?
- Você é feliz?
- Não sei.
- Como assim, não sabe?
- Acabei de encontrar minha felicidade.
Olhares, incertezas, contradições. Ela simplesmente sai assustada. E ele, sem força nenhuma,  não consegue puxar-la para si.
Passaram-se uma semana, ela tinha mudado pra aquela cidade, é, aquela cidade estranha. Onde para ir a escola teria que percorrer uns 200 km. Ele, sempre a via, mas nunca tivera coragem de chamar-la para tentar reconhecer que ela precisava dele.
Ele percorreu o atrás dela. A mesma percebeu, e simplesmente parou. Olhou e viu, era ele. Seus olhos brilharam, ela o amava, com certeza. Só tinha muito medo de falar. Afinal, amores de parque, não duram, uma rodada de roda gigante. ‘-‘
 - Oi
- Você de novo.
- Sim, eu de novo. Você está muito linda. Até mais que aquele dia.
- Desde quando aprendeu a mentir tão bem assim?
- Desde quando parei de contar mentiras.
- Ah, muito engraçado você.
- É, eu também acho.
- Mas eu não.
Esquivando-se dele, ela tenta escapar. Ele novamente a puxa. Segura com muita força. Capaz de machucar-la, mas não, ele não seria capaz de machucar a pessoa que ele ama.
- Dessa vez eu não vou deixar você ir.
- E por que não?
- Porque eu não posso.
- E por que você não pode?
- Porque eu preciso de você comigo, e mesmo que você não acredite, eu precisava te dizer.
- Dizer o que exatamente?
Ele a solta vagarosamente, entediado, olha para vários lugares. Vira-lhe as costas, e simplesmente começa suas palavras que, no pensamento dele, não adiantaria absolutamente, nada aos ouvidos dela.
- Eu sei que você não vai acreditar em mim, sei que você não vai se convencer tão fácil, a ponto de querer-me. Mas, eu preciso te informar, que o meu coração é totalmente seu, e que a minha vontade de ter você só aumenta. Parece ser bobagem, mas eu fiquei uma semana, essa semana, aquela semana, realmente sem ter o que fazer, aliás, eu tinha o que fazer, só não conseguia.
Ela meio cabisbaixa.
- E por que não conseguia?
- Porque eu não conseguia parar de pensar em você, era mais forte que eu, e eu jamais queria parar de pensar em você. Até porque isso me faz muito bem.
- Gosta de pensar em mim?
- Seria melhor você pensando em mim, mas isso já seria pedir demais.
- Não precisa pedir, pensamentos são involuntários, e os meus só queria você.
Cria coragem, e olha para ela. Vai chegando bem mais perto, e totalmente sem jeito, ele olha em seus olhos, olhos lindos ao pensar dele, olhos únicos, era ela. Ela sim era a garota da sua vida. – muito irônico isso - .
A partir dali, eles  simplesmente conviveram o que tinha que viver, ele era doente, tinha HIV, ela também passou a ter, e conviveram os dois com o vírus, até que resolveram suicida-se. Eles sim, viveram um amor, que com certeza era verdadeiro.

Talvez, quando você realmente quiser ser feliz, seja tarde demais. E pra todo amor, existe sua historia, se a sua ainda não foi contada, é porque você ainda não superou o seu amor.
E talvez, você apenas precise refazer suas vontades, não importa com quem, nem pra quem. Importa é que você será feliz, e a partir daí, qualquer problema, virará uma solução. Aos olhos de quem ama. Ou de quem tem vontade de ser realmente feliz, sem medo.

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